Uma brasileira que trabalhava como faxineira de forma irregular na Irlanda afirmou ter sido demitida por recusar buscar seu empregador no aeroporto em um dia de folga.
Claudia Borjas apresentou o caso em uma audiência da Comissão de Relações de Trabalho (WRC) nesta quarta-feira. Ela disse que a empresa Team Weaver Limited, localizada em Elphin, no Condado de Roscommon, deixou de pagá-la por mais de um mês antes de demiti-la em janeiro deste ano.
Segundo Claudia, o diretor da empresa, Dean Weaver, também deixou outros trabalhadores em situação irregular sem pagamento. Esses trabalhadores, no entanto, não denunciaram o caso por medo de represálias devido ao se status de imigração.
Contrato informal e condições precárias
De acordo com o jornal irlandês Irish Mirror, Claudia chegou à Irlanda em 2023 com visto de turista e começou a trabalhar como faxineira em agosto. Ela prestava serviços terceirizados para hospitais, cinemas e jornais, além de realizar limpezas em casas de repouso nos fins de semana.
A brasileira recebia 12€ por hora, mas não tinha contrato formal, direitos trabalhistas ou férias remuneradas. Trabalhando quase todos os dias, ela só descansava no segundo domingo do mês e no Natal. Durante a audiência, Claudia afirmou ter pedido ao diretor da empresa ajuda para obter uma autorização de trabalho, mas nunca obteve uma resposta concreta.
Conflito e demissão
A situação se agravou em dezembro de 2023, quando Dean Weaver pediu que Claudia o buscasse no aeroporto. Ela recusou, explicando que estava de folga e que tinha medo de ser parada pela polícia irlandesa (Gardaí) por dirigir sem seguro. Segundo Claudia, Weaver reagiu de forma agressiva quando ela cobrou os salários atrasados.
Mesmo com o desentendimento, ela continuou trabalhando até 2 de janeiro. Na época, acumulava entre quatro e cinco semanas de salários não pagos. No dia seguinte, Dean Weaver enviou uma mensagem de texto, acusando-a e seu marido de serem “ilegais” e de “roubar” a empresa. Essa mensagem marcou o fim de sua relação de trabalho repentinamente.
Busca por melhores condições
Claudia explicou que deixou o Brasil para oferecer melhores condições de vida aos filhos, mas reconheceu os riscos de trabalhar sem visto na Irlanda. “Minha intenção era conseguir uma autorização de trabalho porque não queria permanecer irregular”, afirmou.
Ela também contou que conseguiu um número de Serviço Público Pessoal (PPS) com a ajuda de um advogado, mesmo estando em situação irregular no país.
Decisão em análise
A Team Weaver Limited não enviou representantes para a audiência. Emile Daly, responsável por analisar o caso, disse que revisará decisões judiciais anteriores para determinar se o WRC tem autoridade para julgar o caso, devido à situação irregular de Claudia. Uma decisão será divulgada em breve.