Algumas famílias irlandesas que receberam refugiados ucranianos em suas casas nas últimas semanas já os “devolveram” a abrigos temporários como o centro de acomodação temporária em Citywest, Co Dublin, relatando aos voluntários que eles são “incapazes de lidar com essa situação”.
O centro de conferências Citywest está atualmente sendo usado como um centro de processamento para refugiados, já que a instalação “one-stop-shop” no aeroporto de Dublin está começando a ficar sob pressão com o número de refugiados que continuam chegando da Ucrânia.
Falando no centro, a líder voluntária Tricia Nolan disse que seu “verdadeiro medo” era que as famílias irlandesas que acolhem refugiados “não saibam como lidar com a situação”.
“Já tivemos pessoas trazidas de volta para cá e isso é muito difícil, porque então esses refugiados precisam ser enviados para novas acomodações pela segunda vez”, disse ela.
Nolan trabalha na mesma instalação há mais de dois anos, quando o local era um centro de testes e de vacinação contra a Covid-19. Por quase três semanas, ela tem ajudado refugiados ucranianos a encontrar acomodação.
“Esse trabalho é muito mais desgastante emocionalmente. As crianças são resilientes, mas são as pessoas mais velhas que me entendem”, disse ela.
“Na primeira semana eu estava dormindo apenas duas horas e acordando preocupada, e me perguntando se poderia ter enviado alguém no ônibus errado ou algo assim. Só estou começando a dormir agora.”
Cem leitos temporários foram instalados na sala de conferências, onde os refugiados que aguardam acomodação dormem por no máximo 24 horas, disse um funcionário.
Condições saudáveis
Há uma área de recreação para crianças e o HSE montou um balcão de triagem para avaliar os refugiados com problemas de saúde que precisarão ser acomodados perto de hospitais.
Uma funcionária do HSE disse que já se deparou com vários refugiados com vários tipos de câncer, problemas renais e uma gravidez ectópica.
A maioria dos ucranianos de passagem vem direto do Aeroporto de Dublin, onde os Departamentos de Proteção Social e Justiça emitem números de PPS antes de enviá-los ao Citywest para serem avaliados para acomodação.
Visitando as instalações na segunda-feira, o ministro da Integração, Roderic O’Gorman, disse que o governo buscaria suprir as necessidades dos refugiados no Citywest por um “longo período” de tempo.
“O custo será significativo e há negociações em andamento entre o governo e os proprietários, mas acho que já estamos obtendo vantagens com esta acomodação temporária.”
Outras instalações, como Gormanston Camp, podem ser usadas se as opções se esgotarem, disse o ministro. Gormanston foi criado “como uma contingência no caso de superlotação ou caso haja uma grande quantidade de refugiados chegando”, mas ainda não foi usado(referindo-se a instação de Gormanston).
Gerard Hughes , diretor do Departamento de Crianças, Igualdade, Deficiência, Integração e Juventude, foi convocado para trabalhar no Citywest.
Houve “algumas noites em que todas as camas foram usadas” e as pessoas tiveram que “colocar os colchões extras no chão”, mas também houve noites mais tranquilas, onde apenas 15 a 20 camas foram ocupadas, disse ele.
Na tarde de segunda-feira, cerca de 50 refugiados esperam no centro por um ônibus para levá-los para seus lares temporários em todo o país. No entanto, na maioria dos dias há entre 400 e 600 refugiados de passagem.
A acomodação em hotéis já está acabando, disse um porta-voz do Departamento de Crianças. A maioria dos contratos em hotéis dura de três a seis meses.
É “ainda mais difícil” encontrar hotéis para refugiados que chegam com animais de estimação, pois alguns hotéis se recusam a acolhê-los, mas depois de fugir da guerra e viajar pelo continente com seus cães, gatos e outros animais, seus donos se recusam a deixá-los para trás.
“É um caos organizado. É uma área grande, por isso é bom ter espaço, mas igualmente é um centro de conferências, por isso é muito barulhento e movimentado. Precisamos começar a planejar a longo prazo, porque isso pode durar meses e meses”, disse Hughes.
