quinta-feira, novembro 7, 2024

Crise habitacional e imigratória na Irlanda aumenta a perspectiva de despejo e tensões sociais

Crise habitacional e imigratória na Irlanda aumenta a perspectiva de despejo e tensões sociais

 Um mural em Dublin com os dizeres 'Glória à Ucrânia'. Protestos de grupos de extrema-direita e ataques a refugiados e requerentes de asilo começaram a prejudicar a reputação progressista da Irlanda Artur Widak/NurPhoto/Getty Images
Um mural em Dublin com os dizeres ‘Glória à Ucrânia’. Protestos de grupos de extrema-direita e ataques a refugiados e requerentes de asilo começaram a prejudicar a reputação progressista da Irlanda Artur Widak/NurPhoto/Getty Images

Milhares de inquilinos irlandeses enfrentam a perspectiva de despejo a partir do próximo mês, agravando uma crise habitacional que se espalhou para refugiados e requerentes de asilo que procuram abrigo no país.

Leo Varadkar(primeiro-ministro), cujo governo está encerrando a proibição de despejos de inverno a partir de 1º de abril, disse que a Irlanda tem 250.000 casas a menos do que precisa. No entanto, de acordo com o último censo, a população da Irlanda atingiu 5,1 milhões de pessoas e atualmente luta contra o número recorde de pessoas em situação de rua, apesar disso, continua a fornecer abrigo a refugiados ucranianos e requerentes de asilo de outros países.

“Agora estamos acomodando 58.000 ucranianos e 20.000 requerentes de asilo. Por outro lado, há uma pressão real sobre as acomodações existentes no país”, disse Roderic O’Gorman, ministro da integração.

Manifestação política

Grupos de extrema direita aproveitaram a crise imobiliária e organizaram protestos, alguns com faixas dizendo “A Irlanda está cheia”. Ataques racistas contra migrantes também prejudicaram a imagem socialmente progressista da Irlanda.

Especialistas e inquilinos estão preocupados que a crise imobiliária possa piorar ainda mais neste ano, o que pode levar a um grande número de despejos. Essa situação pode criar um grande desafio para os serviços de emergência, que já estão sobrecarregados. Se muitas pessoas forem despejadas, elas podem precisar de assistência de emergência, como abrigo, comida e cuidados médicos, o que pode sobrecarregar ainda mais os serviços de emergência. 11.754 pessoas, incluindo muitas crianças, precisavam de abrigo de emergência em janeiro. O partido político Sinn Féin prevê 10.000 despejos neste ano.

O partido pediu ao governo para restabelecer a proibição de despejo, afirmando que muitos inquilinos correm risco. O governo respondeu que a maioria dos inquilinos cujos avisos de despejo foram emitidos durante o período anterior já estariam seguros.

O governo admitiu que mais de 2.000 pessoas advertidas no ano passado ainda poderiam ser despejadas apesar da proibição. Alguns hotéis estão considerando retomar quartos contratados para refugiados ucranianos para obter mais lucro na alta temporada. A situação para requerentes de asilo não ucranianos é crítica, com dezenas sendo realojados em tendas. O ministro da Integração O’Gorman apelou por locais adicionais para acomodação.

O número de requerentes de asilo em acomodações do governo na Irlanda aumentou 150%, para quase 20.000 no início de fevereiro. Isso gerou tensões sociais no país, com incidentes de violência e xenofobia. O sistema de acomodação do asilo foi considerado “irremediavelmente quebrado” por grupos que defendem os direitos dos migrantes. Em contrapartida, o presidente da Irlanda, Michael D Higgins, elogiou os imigrantes e suas contribuições para o país.

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